2 de set. de 2010

Entrevista com o bispo Jadson Santos

O jovem empresário bem sucedido, que já na adolescência possuía um notável espírito empreendedor, encontrou na dedicação em divulgar o Evangelho a realização pessoal

Por Ticiana Bitencourt / Fotos: Ticiana Bitencourt
redacaoiurd@arcauniversal.com


Bispo Jadson
Jadson Santos Edington (foto ao lado) tem 36 anos e há 14 deles se dedica ao trabalho de evangelização da Igreja Universal do Reino de Deus, tendo sido consagrado a bispo da instituição em junho de 2007. Apesar da juventude, a maturidade é uma das destacáveis características deste servo de Deus, cuja história de vida é marcante pelo fato dele ter assumido, aos 16 anos, o controle legal da própria vida e a gestão de negócios que ele mesmo idealizou e montou.




Baiano, nascido em Salvador, é o responsável pelo trabalho da Universal na Bahia. Antes de voltar à terra natal, passou mais de cinco anos em São Paulo. Também já esteve nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O bispo Jadson é casado há mais de 16 anos com Rosilene da Silva Edington, 33. Os dois decidiram não ter filhos com a finalidade de se dedicarem ainda mais ao serviço da obra de Deus.

O senhor nasceu num lar pertencente à classe média alta da capital baiana, mas teve de enfrentar uma drástica mudança de status social. Por quê?

De fato, os meus primeiros anos de vida foram vividos numa família abastada. Meu pai tinha uma empresa muito próspera. Viagens, boas escolas, brinquedos, entre outras coisas, evidenciavam que eu era um garoto privilegiado. Mas, quando eu completei oito anos, meus pais se desentenderam e decidiram pela separação definitiva. Foi então que minha mãe se mudou para o município de Dias D’Ávila (na Região Metropolitana de Salvador). Ela me levou juntou com outro irmão. Assim, nosso patamar de vida passou a ser muito inferior ao de antes.

O senhor ainda era uma criança, mas lembra o que de mais evidente foi alterado em sua rotina?

A casa era muito menor do que a que nós vivíamos antes. Minha mãe conseguiu vagas para nós numa escola pública e, óbvio, sentimos muito a diferença entre aquelas instalações e os ambientes em que nós frequentávamos. Para piorar nossa situação, meu irmão, que era adolescente, começou se envolver com pessoas que usavam drogas. Nós sofremos muito. Como eu via as dificuldades em casa, aos 15 anos, eu já vendia produtos de limpeza nas ruas da cidade, ajudava minha mãe e fazia economias. Eu decidi naquela época que ia batalhar por uma vida melhor.

Por que houve a necessidade do senhor ser emancipado aos 16 anos?

Minha mãe se casou de novo e eu tinha um ótimo relacionamento com o meu padrasto. Como eles conseguiam viver direitinho, resolvi concretizar o meu plano de prosperar. Com as economias que fiz durante a venda dos produtos de limpeza fui comprando latas de óleo. Em alguns meses, eu já tinha um grande estoque e troquei tudo por mercadorias diversas com alguns comerciantes. Depois disso, montei minha pequena mercearia na área em frente a uma casa que comprei dentro de um conjunto habitacional popular. Assim, eu fui emancipado pelos meus pais, com a finalidade de obter as documentações necessárias para a legalização do negócio e para abrir minha própria conta bancária.

Como um adolescente podia ter responsabilidade para manter um comércio?

Acredito que era obstinação mesmo, força de vontade e foco. Acordava às cinco horas da manhã para ir buscar o pão que eu vendia lá e só dormia às 11h da noite. Tanto é que em um ano a mercearia progrediu e eu montei uma loja de bicicletas e acessórios na cidade.

Com tanto trabalho havia tempo para estudar e se divertir?

Eu deixei de estudar, não conseguia conciliar o trabalho e a escola. Quando se é jovem e independente o que não falta são amizades. Então, às vezes, eu ia para festas, acabava indo para micaretas e para o carnaval também. Nesses locais, eu até me envolvia com algumas meninas, mas não dava certo com nenhuma.





Por falar em vida sentimental, naquele período o senhor pensava em ter um relacionamento sério?

Pensava sim, inclusive, eu pedia a Deus que um dia me desse um casamento e que fosse diferente do relacionamento dos meus pais. Eu não queria casar e separar. Minha mãe casou duas vezes e ela foi a terceira esposa do meu pai. Lembro que quando eu ficava sozinho pensava em tudo o que tinha perdido com a separação dos meus pais e sentia uma angústia muito forte.

Como foi o período no qual o senhor conheceu dona Rosilene?





Bispo Jadson e Dona Rosileine
Quando eu conheci Rose (foto ao lado) a minha vida ganhou outro sentido. Nós morávamos na mesma localidade, eu tinha 17 anos e ela 14. Conversávamos bastante, mas a mãe dela dizia que para namorar a filha dela eu precisaria ter postura de um homem responsável e de caráter. Por causa disso, fui mudando de comportamento, inclusive fui me afastando dos amigos que só pensavam em festas. Minha sogra frequentava a Igreja Universal e me convidou para ir lá. O convite foi uma feliz coincidência, porque naquela altura eu já tinha sido levado à Igreja por meu padrasto que também participava das reuniões. Mas, eu não levava nada a sério, eu ia por ir. Minha sogra queria que eu me firmasse e isso era quase uma condição para ela liberar o namoro.

Então, o senhor aumentou a frequência na Igreja apenas por interesse?

No começo sim. Meu padrasto acabou sendo uma boa influência. Na medida em que fui participando das reuniões percebi que tinha um problema espiritual, pelo fato de não dar certo com ninguém. Até mesmo o meu namoro com Rose terminou. Depois nós voltamos e eu decidi levar a sério aquilo que os pastores ensinavam e, principalmente, minha vida com Deus. Eu passei mal por causa dos encostos em quase todas as reuniões de libertação, desde aquele dia. Foi uma luta muito grande até eu ficar completamente livre. Participei de muitos propósitos de fé, fiz jejuns, perseverei mesmo e obtive a resposta.

O senhor teve apoio de toda família quando começou a se firmar na crença em Deus, na Igreja Universal?

De todos não, isso é até comum quando se trata da Universal. Certa vez, liguei para meu pai e estava muito entusiasmado para contar a ele que eu tinha vivido uma experiência espiritual muito forte e que o Senhor Jesus tinha me libertado na Igreja. A resposta dele foi que eu não era mais o filho dele. Apesar de tudo, eu entendi que aquelas palavras não vinham dele, era o próprio mal e, por isso, o perdoei e mantive a mesma consideração de amor que um filho tem para com o pai.

O senhor, desde muito cedo, já mostrava resultados de uma força de vontade incomum. O que aconteceu quando o senhor aliou todo aquele querer à fé em Jesus Cristo?

Eu fui muito abençoado. Primeiro, eu me tornei um novo Jadson, meus pensamentos e sentimentos mudaram, a sensação que eu tinha é como se algo tivesse me lavado por dentro. Os negócios prosperaram muito mais (a mercearia e a loja de bicicletas), tinha mais funcionários e, paralelamente, eu comercializava carros usados numa feira do município de Camaçari.

Aos 18 anos, eu já dirigia o meu primeiro carro. Com quase vinte, eu me casei com Rose, naquela altura nosso amor estava mais que consolidado e foi consagrado ao nosso Deus Fiel. Depois montei uma bomboniere para ela e investi no aluguel de máquinas de games juvenis. Trabalhávamos, viajávamos e vivíamos em fidelidade ao nosso Senhor, tínhamos uma boa casa própria, dois carros e duas motos.

Como foi quando o senhor decidiu que iria dedicar a vida à divulgação do evangelho de Jesus Cristo, já que tinha um futuro promissor no mundo dos negócios?

Minha visão era a de crescer financeiramente. Porém, tudo mudou depois que eu participei de uma vigília em 1995, na sede da IURD, que ficava no bairro dos Dois Leões, em Salvador. Ali eu tive o meu encontro com Deus. O sucesso econômico já não era o meu objetivo; eu senti o desejo de ganhar almas, de falar para as pessoas que existe um Deus Vivo, que é muito mais que religiosidade, que Ele pode viver dentro de nós. Então, fui chamado como obreiro. Depois, eu e Rose conversamos sobre o desejo que sentíamos em nossos corações de fazer parte da obra de Deus na Igreja Universal. Então, em março de 1996, abrimos mão de tudo o que nós tínhamos e entramos definitivamente para a obra. Hoje, sei que fiz a escolha certa. O único arrependimento que tenho é de não ter me convertido ao Senhor Jesus antes.





Bispo, o que o senhor tem a dizer ao jovem que sonha em ser bem sucedido, com base em tudo o que o senhor viveu?

A consciência de que a fé está dentro dele, independente de religião, é algo muito importante. Essa crença faz com que a pessoa se aproxime do Senhor Jesus e decida se entregar a Ele de fato. Tal atitude é fundamental para que o jovem, ao ser guiado pela vontade de Deus, faça melhores escolhas, tenha força para perseverar e encarar firmemente os desafios. O Espírito de Deus potencializa o talento que há dentro de nós e, se pedirmos, Ele acrescenta o que falta e nos honra. Também, é necessário que o jovem tenha autoconfiança, como diz o bispo Macedo “é preciso fé para acreditar em si mesmo e, sobretudo, em Deus”. Dessa forma, é certeira a chance de ser bem sucedido naquilo que empreender.